Embora minha mãe não soubesse cuidar do meu cabelo natural quando eu era criança, e insistisse em pentear, e escovar ele a seco, meu cabelo era tão persistente, que mesmo após os penteados, na maioria das vezes aquelas chuquinhas (me lembro que, às vezes, doía um pouco pra fazer), o cacheado natural acabava prevalecendo. Nestas fotos dá pra ver bem os meus cachinhos:


( Na primeira foto sou a primeira à esquerda e na segunda a terceira à direita)

Na adolescência, eu tive a fase que eu escovava (a seco mesmo), e consequentemente, meu cabelo vivia preso, pois nem imaginava que existia a estilização. Depois de um tempo, descobri os leave-ins, aqueles cremes miraculosos de deixar no cabelo. Lembrando-se que nos anos 90 mal se ouvia falar desses cremes, não havia internet (pelo menos no interior onde eu morava). Meu primeiro contato foi com o leave-in da Amend, chamado hair dry, que existe até hoje. É este abaixo da embalagem verde.


Pra mim, esse creme foi um divisor de águas. Ele devolvia a maleabilidade e hidratação que meus fios tanto necessitavam, e eu não sabia. Lavava com shampoos repletos de sulfactantes pesados, praticamente todo o dia, e nem imaginava que o ressecamento era oriundo dessas lavagens. Este tratamento após lavagem da Amend me salvou durante alguns anos. 

Numa viagem pra Brasília, fiz um relaxamento junto com minha prima. O cheiro era fortíssimo, não sei como meu cabelo não caiu, mas lembro que deu uma soltada nos cachos, e eu gostei muito do resultado na época. Depois de um tempo o ressecamento ficou evidente. Nunca mais fiz relaxamento depois disso. ( Ainda bem)

Entretanto, a falta de um cabeleireiro para chamar de meu continuou sendo o meu pior pesadelo, sendo que os que haviam no interior não faziam ideia de como cortar o meu cabelo e insistiam em trata-lo como liso. Achei que em São Paulo as coisas seriam diferentes, mas no início não foi.  Havia ainda uma longa peregrinação pela frente até encontrar um bom cabeleireiro.


Foto da minha fase lisa:





Aderi à ditadura do liso por algum tempo, mas era apenas escova feita no salão. Fui adepta de chapinhas e futuramente de progressiva. Esta última foi a pior coisa que já fiz pro meu cabelo. Confesso que caí no ‘conto do salão’, aquele que diz que a progressiva hidrata. Como é que é? Hidrata o c… O que consegui foi uma raiz oleosa, que me demandava duas lavagens diárias e cabelos secos e quebradiços. Mas só fui me conscientizar disso depois de alguns anos de pura teimosia e cegueira.
Foto do meu cabelo com progressiva (recém-lavado, claro):



E pela primeira vez na vida descobri o que era ter volume zero, e confesso que odiei. E de repente me deu uma saudade gigantesca do meu cabelo original, do seu temperamento inconstante, dos cachos que se formavam naturalmente e… decidi que aquela química toda não me pertencia mais. O que eu fiz: fui me livrando dela com tesouradas periódicas (descobri um cabeleireiro bom) e MUITA paciência.

Foto do meu cabelo em transição (modelado com secador para disfarçar a diferença de texturas):


Não foi fácil lidar com as duas texturas, na maioria das vezes tive que contar com o apoio do secador (sim, era uma tortura!) para harmonizá-las. Mas eu persisti muito e no final eu consegui. E nem parece que demorou tanto assim. Hoje tenho meu cabelo de volta, e quando me olho no espelho, eu, finalmente, me reconheço ali. Essa sou eu, este é o meu cabelo, e sim, eu sei cuidar dele!

Foto do meu cabelo natural, como está hoje:


Um dos motivos que me levou a focar em cabelos cacheados e crespos neste blog (antes o foco era outro) foi a quantidade de gente que começou a me abordar na rua. Essas pessoas me perguntavam o que eu fazia no meu cabelo, que ele era bonito etc e tal. E me peguei dando dicas para desconhecidas na rua, anotando cremes, orientando, e daí pensei: por que não trazer isso pra cá? E é o que venho fazendo desde então. Espero que assim possa ajudar mais pessoas a assumirem seus cabelos naturais, independente da ditadura vigente. Você também tem uma história parecida? Mande pra cá, que ela pode ser publicada com direito a um brinde no final: sabrinagiammpa@gmail.com


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