Philip Hallawell, no 1º Congresso de Visagismo

No primeiro post sobre o Congresso, tentei pincelar um pouco da trajetória do autor do conceito, Philip Hallawell, e como seu contato com a arte foi fundamental para conceitualizar o visagismo e transformar esse aprendizado em livros. Ciente das descobertas do artista, hoje vamos esmiuçar o poder dos símbolos arquétipos, apresentados no congresso, e como eles influenciam na interpretação que as pessoas fazem de nós, mesmo que inconscientemente. 

O livro de Carl Jung, O homem e seus símbolos, de 1963, também influenciou o artista a desenvolver sua teoria visagista. Os arquétipos, citados pelo autor, são retratados naturalmente e são facilmente decodificados pelo cérebro. “São símbolos universais. O homem sempre usou formas geométricas”. E por isso, nossa interpretação diante desses símbolos é sempre a mesma, gerando uma linguagem universal. 
“Todo símbolo comunica alguma coisa, todo quadro tem dentro de sua estrutura um símbolo arquétipo. Os renascentistas criavam suas obras já pensando na imagem que queriam transmitir, e seus alicerces eram estes símbolos. A igreja católica utiliza essa fórmula há anos para transmitir dogmas religiosos. E o resultado é a compreensão emocional imediata, que foi uma sacada incrível ”. Eu imagino que não seja a toa que ela detenha a maior coleção de obras renascentistas.

A arte nos rostos
Nossos rostos podem ser considerados verdadeiras obras de arte ambulantes. Somos todos desenhos compostos por linhas e formas geométricas, e cada formato expressa algo a respeito de nós mesmos, além de destacar algumas características pessoais que evidenciamos em nosso comportamento e na forma em que nos apresentamos para o mundo. O meu rosto, por exemplo, tem formato retangular, composto por linhas retas que transmitem força e credibilidade, e ainda remete a ideia de heroísmo. 

Conhecendo o poder dos símbolos

O símbolo do infinito, que é um oito invertido

As Linhas

Linha vertical – remete à força
Linha horizontal – estabilidade
Linha inclinada – dinamismo
Curva ampla – sensualidade
Curva fechada (mola) – conturbação, conflitos (não seriam os nossos crespos?)
Sequência de curvas – alegria, infantilidade (não seriam nossos cachos?)
Onda – calma, suavidade, leveza, sensualidade (por isso as capas da Nova investem nos cabelos ondulados)
Símbolo do infinito (oito deitado) – mexe com as emoções
Cachos e crespos: sensação de alegria e conturbação?

Num rápido bate papo com o artista, consegui esclarecer um pouco as minhas dúvidas sobre as sensações geradas por um cabelo cacheado (alegria, infantilidade) e crespo (conturbação, conflitos), e como elas podem ser atenuadas, ou seja, encontrar um ponto de equilíbrio de acordo com cada personalidade. 

Segundo o artista, não é necessário esticar os cachos e crespos para alcançar uma imagem séria e equilibrada. Um bom corte consegue adequar as proporções e estruturá-las ao nosso eu interior e a mensagem que queremos passar para as pessoas, seja ela de seriedade ou de equilíbrio. Muitas vezes, os cachos e crespos conseguem suavizar um rosto de linhas fortes, e com isso, trazer o equilíbrio à tona na imagem pessoal.



As formas geométricas

O quadrado – suas linhas retas transmitem poder, segurança e  intelectualidade;

A atriz, Angelina Jolie é um exemplo
 de rosto quadrado

O retângulo – além das características semelhantes ao quadrado, devido às linhas retas, ainda remete à ideia de herói. “Perceba que os heróis de desenhos animados apresentam este formato de rosto”, explicou Hallawell, durante o evento. É aquele carão comprido (o meu!);

O triângulo – representa o poder supremo, uma divindade, Deus, o sagrado;

O triângulo invertido- remete à ideia de perigo, alerta. Geralmente é o formato de rosto dos vilões dos desenhos animados. Hallawell citou José Serra como um político que possui essa característica, o que justificaria a falta de ‘carisma’;

José Serra traz no rosto
o formato de triângulo invertido

O círculo (redondo / oval) – transmite uma ideia de continuidade, acolhimento, afetividade;


O poder do gestual – o que os gestos transmitem

Como as linhas e formas de nosso rosto são decodificadas por nosso cérebro através de sensações, o formato do nosso gestual também pode transmitir uma ideia a respeito de quem esteja por trás deles. E por isso também são importantes no momento da consulta visagista, e até mesmo num estudo de marketing. Philip Hallawell esmiuçou alguns deles, confira abaixo:

Mãos se embolando – remete à trapaça, ou seja, esta pessoa está querendo te enrolar, enganar. Philip deu como exemplo o presidente Lula em suas primeiras campanhas presidenciais. Segundo o visagista, esse é um dos motivos que influenciaram na série de derrotas do político. Quando Lula contratou o marketeiro, Duda Mendonça, para a campanha, este providenciou para que as mãos do candidato fossem cortadas, e com isso, seu rosto retangular falasse por si só, transmitindo apenas credibilidade.

Um rosto retângular, como o da
Claudia Raia, transmite  credibilidade
Gestos com linhas retas e punhos fechados transmitem exatidão, força, veracidade, poder e liderança. Segundo o visagista, o presidente Fernando Collor de Melo, quando ganhou as eleições, usava este tipo de gestos em sua campanha. Para ele, toda imagem é uma combinação de linhas, formas e cores. O que vai determinar sua estética é o equilíbrio visual entre essas formas. “O visagismo vai muito além do cabelo e maquiagem”.

O profissional também ressalta que a natureza é sábia e não colocaria em nossos rostos linhas que não combinassem com nossa personalidade: “o rosto não mente, e por isso psicólogos da área de RH estão se interessando cada vez mais pela leitura visual impressa no visagismo. “É muito fácil manipular um teste de personalidade, mas o rosto ninguém esconde”.

O que pode acontecer é a pessoa transmitir uma imagem no rosto, uma no cabelo e outra na roupa, cada uma passando uma informação direrente. “ Você olha pra pessoa e enxerga um enorme ponto de interrogação, e pessoas dúbias não interessam”.

Xuxa morena: “o problema não estava na cor escolhida, e sim no corte em formato de capacete”,
explicou o visagista durante o 1º Congresso de Visagismo
O especialista em visagismo ainda citou o erro da campanha da Wella com a Xuxa: “A apresentadora tem uma figura forte, dinâmica, daí foram lá e colocaram um capacete nela. O problema não foi a cor escura, como muitos citaram, o grande problema foi o corte em si. A personalidade da Xuxa pedia um corte desestruturado, mas o formato de capacete que colocaram nela, contribuiu para evidenciar seus dentes grandes, e isso foi um dos fatores que causou repulsa nas pessoas”.
Esses e outros sentimentos gerados pelo uso equivocado de linhas e formas, apresentados durante o 1º Congresso de Visagismo Philip Hallawell, também serão explicados no próximo post, onde vamos conhecer os quatro arquétipos da beleza, ou seja, os quatro tipos de personalidade que mais se destacam no ser humano e como isso deve ser trabalhado pelos profissionais de beleza para conseguir a melhor imagem. Até lá!

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