Conheço a Dani Koller porque ela frequentou minha casa durante alguns anos, ou melhor, o apartamento aonde eu morava com minhas irmãs, em Pinheiros. Assim como a minha irmã do meio, a Samanta, que nos apresentou, a Dani também é estilista, e sua profissão transparece por todos os poros. Moderna e antenada, ela sempre carrega consigo a sua melhor imagem, associada não apenas às suas roupas e acessórios estilosos, mas também à sua personalidade sanguínea, exaltada pelos fios loiros e cachos naturais. Com segurança de sobra para escancarar suas ‘molinhas’, apelido que recebeu de algumas amigas, num cenário onde os fios lisos predominam, ela não se deixou influenciar pelo mercado e muito menos pela mídia cruel. Dia após dia, prova para todos que seu melhor estilo está exatamente em se assumir como é. Saiba mais sobre essa paulistana, de 31 anos, e suas percepções sobre os cabelos crespos no Brasil e na Europa, para onde viaja com frequência para pesquisar tendências de moda. Nos Estados Unidos, que também faz parte  do seu roteiro de viagens constantes, ela aproveita para repor seu estoque de produtos para manter os cachos sempre reluzentes e hidratados. Nesta entrevista você vai conhecer, além da sua história, os seus segredos de beleza. 
“Minha relação com o cabelo sempre foi complicada. Quem tem cabelo crespo sabe disso. Mas a época da escola é sempre a mais difícil. Tiravam muito sarro do meu cabelo, que era muito volumoso, provavelmente por não ter encontrado ainda um corte adequado, isso sem contar que, naquela época, não tínhamos tantos produtos e nem tanta informação como temos hoje.”


Sabrinah Giampá – Dani, pelo pouco que te conheço, percebo que você tem uma relação ótima com seu cabelo natural. Sempre que te vejo, você está com os cachinhos livres, leves e soltos. De escova, só vi vez ou outra pelo facebook. Sua relação com seu cabelo sempre foi assim tão boa, de aceitação mútua, ou como a maioria das crespas e cacheadas já sofreu um bocado antes de aceitar o natural? 
Danielle Koller – Minha relação com o cabelo sempre foi complicada. Quem tem cabelo crespo sabe disso. Mas a época da escola é sempre a mais difícil. Tiravam muito sarro do meu cabelo, que era muito volumoso, provavelmente por não ter encontrado ainda um corte adequado, isso sem contar que, naquela época, não tínhamos tantos produtos e nem tanta informação como temos hoje.
Dani ainda criança, com as molinhas ainda no castanho natural.
Ela é a segunda da esquerda para a direita, da fileira do meio

Sabrinah Giampá –  E com tanta carência de produtos e informações, como você usava o seu cabelo nessa época?
Danielle Koller – Sempre fiz ballet, e por isso estava sempre de cabelo preso. Usava muito gel para controlar o frizz. Para as crianças de agora é muito mais tranquilo. Hoje existem uma infinidade de produtos para bebês com cabelos crespos, coisa que antigamente era impossível. 


“Sempre fiz ballet, e por isso estava sempre de cabelo preso. Usava muito gel para controlar o frizz. Para as crianças de agora é muito mais tranquilo. Hoje existem uma infinidade de produtos para bebês com cabelos crespos, coisa que antigamente era impossível. “




Sabrinah Giampá – Teve algum histórico de químicas para alterar a estrutura dos fios?
Danielle Koller – Tive sim. Na adolescência, meu cabelo estava na altura da cintura e comecei a fazer relaxamento para conter o volume dos fios, mas isso acabou com meu cabelo. Ele ficou muito fino e totalmente sem forma. 
Sabrinah Giampá – Você ficou muito insatisfeita com o relaxamento. O que fez na sequência, procurou outra química?
Danielle Koller – Foi nesse período que decidi cortar bem curtinho e assumir meus cachos. Nessa época, de tanta química que tinha no cabelo, eu já não tinha um cachinho sequer. 
“Na adolescência, meu cabelo estava na altura da cintura e comecei a fazer relaxamento para conter o volume dos fios, mas isso acabou com meu cabelo. Ele ficou muito fino e totalmente sem forma. Foi nesse período que decidi cortar bem curtinho e assumir meus cachos. Nessa época, de tanta química que tinha no cabelo, eu já não tinha um cachinho sequer.”
Sabrinah Giampá – Então mesmo sem saber, você fez o seu big chop. Pelo visto você foi pioneira. Digo isso, porque nessa época nunca havia se falado sobre o tema, o fenômeno em si não existia. E na adolescência, dificilmente tomamos uma decisão como esta. E como foi o processo daí por diante?
Danielle Koller – Começei a frequentar salões melhores e fazer luzes, e nesse meio tempo, o cabelo ia crescendo ao  natural. Mas a minha relação com os fios crespos só mudou definitivamente no início da faculdade de moda, que foi quando assumi de fato os meu cachos e minha identidade. Hoje sou conhecida por ‘molinha’ ou cabeça de molas kkkk….acho engraçado.
Fresh Curls, da Redken,
o xampu preferido da Dani
Sabrinah Giampá – Como você cuida do seu cabelo hoje, tem algum cuidado específico? Conhece a rotina low poo/no poo?
Danielle Koller – Vou ao salão de três em três meses, corto e faço luzes. O meu tom é mais escuro que esse. Eu gosto de deixar as luzes mais naturais, não gosto de tanto contraste. Sempre faço a hidratação da Redken ou da Joico. Os cachos ficam mais soltinhos e sem aspecto ressecado. Não conheço a rotina low poo/no poo. No dia a dia, lavo com o xampu e condicionador da linha Fresh Curls para cabelos cacheados, da Redken,  e passo um produto da Tigi para definir os cachos. Eu apenas aplico, amasso e deixo secar. Confesso que mantenho o mesmo corte há muito tempo, mas tem horas que sinto vontade de mudar. Cabelo sempre igual cansa um pouco.


“Começei a frequentar salões melhores e fazer luzes, e nesse meio tempo, o cabelo ia crescendo ao  natural. Mas a minha relação com os fios crespos só mudou definitivamente no início da faculdade de moda, que foi quando assumi de fato os meu cachos e minha identidade. Hoje sou conhecida por ‘molinha’ ou cabeça de molas kkkk….acho engraçado.”





Sabrinah Giampá – A maioria das leitoras do blog reclama sobre a dificuldade de encontrar um cabeleireiro que saiba cortar fios crespos. Até chegar ao seu hairstylist atual, também passou por essa peregrinação em busca do corte adequado? 
Danielle Koller – Foram muitas peregrinações. Já fui em vários salões onde acabaram com o meu cabelo, ou deixavam muito curto, ou tiravam o volume. (Acredite se quiser, meu cabelo é muito fino).
Produto da linha Catwalk, da Tigi,
que a Dani usa para estilizar seus cachos

Sabrinah Giampá – Eu acredito sim, o meu também é.
Danielle Koller – Infelizmente, ainda faltam no mercado salões especializados.  E quando achamos, ou são muito caros, ou apenas focados em cabelo afro.
Dani Koller com seu hairstylist, Paulo, do salão Dolce Studio, em SP.
Ele é o responsável pelo look glamuroso: da cor ao corte 
Sabrinah Giampá – Acho que os salões especializados em cabelo afro também são raros, e mais caros que os convencionais. Mas de tanto procurar, a sua fase de peregrinações em busca do salão ideal terminou e finalmente encontrou um cabeleireiro para chamar de seu, recomenda?
Danielle Koller – Recomendo sim. Corto o cabelo com o Paulo, do salão Dolce Studio, há quase dez anos. Ele conseguiu a proeza de acertar na cor e no corte.

Sabrinah Giampá – Realmente é uma proeza! Mas você é rata de praia (  Em suas fotos está sempre com a cor do verão), como faz para manter os fios hidratados? Usa algum produto especial em casa, naqueles meses em que não frequenta o salão do Paulo?

Danielle Koller – Como viajo constantemente para a Europa e EUA, sempre invisto em bons produtos para hidratação. Dos EUA eu sempre volto carregada por pelo menos seis meses de uso. Digo isso, porque os produtos lá são muito baratos, e a qualidade é excepcional. Agora estou usando dois que comprei lá: um da kerastàse e outro da morocannoil.

Arsenal de praia da Dani: “Nos EUA tudo é mais barato”

Sabrinah Giampá –  E mesmo com os cachos tão bonitos e bem tratados, você acha que existe uma ditadura do cabelo longo e liso no Brasil? 
Danielle Koller – No Brasil isso é um fato. O estereótipo de cabelo bonito é liso e comprido.  Não apenas no imaginário feminino, mas nos dos homens também. Cabelo liso é uma preferência nacional.  Aqui, quem tem cabelo crespo assumido, ou trabalha com moda, artes, publicidade, ou é da tribo do samba, reagge ou forró. Fora isso é muito difícil encontrar.  Na Europa, as coisas são bem diferentes.  Eu viajo muito a trabalho, e sempre vejo as europeias comprando de tudo para conseguir um cabelo com bastante volume. Saem na rua com cada penteado engraçado, e ninguém liga. Nesses lugares, ninguém é escravo de chapinha e escova, todo mundo busca a originalidade. Sempre falo que se morasse na Europa, o meu cabelo seria um dos mais comuns.
“Aqui, cabelo liso é preferência nacional. Na Europa, as coisas são  diferentes.  Viajo muito a trabalho, e sempre vejo as europeias comprando de tudo para conseguir um cabelo com bastante volume. Saem na rua com cada penteado engraçado, e ninguém liga.” 

Sabrinah Giampá – Você tem um cabelo crespo impecavelmente bem tratado e bonito. Neste caso, o preconceito fica mais distante, ou o mundo da moda, aonde trabalha, ainda se mostra cruel com os crespos? 
Danielle Koller – O preconceito existe não somente no mundo da Moda, mas no mundo corporativo como um todo. É engraçado ver a reação das pessoas: 50% gostam e 50% não gostam. Isso faz com que em algumas situações, eu me sinta diferente de todas por ter o cabelo crespo. É como se transmitíssemos uma imagem mais despojada e solta, enquanto o que exigem de nós é uma imagem mais formal e comportada. 
Dani Koller em Barcelona:
“Se morasse na Europa, meu cabelo seria um dos mais comuns”
Sabrinah Giampá – O visagismo explica isso, e inclusive endossa que não precisamos esticar nossos cachinhos para transmitir uma imagem mais profissional. Um corte mais estruturado confere a interpretação de seriedade que precisamos impor no ambiente de trabalho. Talvez, investir num corte assim seja a solução para se livrar deste tipo de pré-julgamento. De qualquer forma, o cabelo é apenas parte de um todo, você concorda com isso?
Danielle Koller – Sem dúvida que o cabelo é só uma parte. Tem todo o conjunto, que é a forma de se vestir e a postura que você demonstra, e que contam bastante para passar uma imagem mais responsável.
“O preconceito existe não somente no mundo da Moda, mas no mundo corporativo como um todo.  Isso faz com que em algumas situações, eu me sinta diferente de todas por ter o cabelo crespo. É como se transmitíssemos uma imagem mais despojada e solta, enquanto o que exigem de nós é uma imagem mais formal e comportada.” 
Sabrinah Giampá – Em algumas fotos no facebook, você aparece com os cabelos escovados. Com que frequência você alinha seus cachos?
Danielle Koller – Faço escova mais quando quero mudar, para uma festa por exemplo. Mas geralmente faço a escova com o babyliss. Sinto que ainda existe um preconceito que cabelo crespo em festa faz com que você pareça não estar arrumada. 
Dani Koller escovada 
para o casamento de sua irmã, Gaby

“Faço escova mais quando quero mudar, para uma festa por exemplo. Mas geralmente faço a escova com o babyliss. Sinto que ainda existe um preconceito que cabelo crespo em festa faz com que você pareça não estar arrumada. “







Sabrinah Giampá – Infelizmente, ainda há poucos profissionais que trabalhem com penteados em cabelos crespos e cacheados sem mudar a sua estrutura, ou seja, sem fazer uma escova modeladora antes. Por esse e outros motivos, comecei um curso de cortes e, em breve, farei outro de coloração. Meu foco é me especializar em cacheados e crespos sem mexer na estrutura, ou seja: fazer cortes apenas à seco, luzes e coloração diretamente nos cachos (nada de escovinha pra mechar) e penteados que utilizem o cacheado natural, tudo com muito glamour e sofisticação, é claro. Agora, eventos à parte, vamos às relações familiares. Sua família sempre aceitou o seu cabelo crespo?
Danielle Koller – Minha mãe nunca me pediu para alisar meu cabelo, mas acha lindo quando faço escova, pois fico muito diferente. Também tenho uma irmã com o cabelo crespo, então esse é um assunto bem comum na família, estamos sempre em busca de produtos melhores, com uma qualidade incomparável. 
Dani Koller: “o importante é ser feliz!”
Sabrinah Giampá – Você me contou que namora há cinco anos. Também me disse nessa entrevista, que acredita que a maioria dos homens prefere os cabelos lisos. Como funciona isso em relação ao seu namorado. Ele pede pra você fazer escova?

Danielle Koller – Muito pelo contrário. Ele odeia quando eu faço escova. Não gosta de jeito nenhum. Pra você ter uma noção, no casamento da minha irmã, onde eu fui escovada, ninguém me reconheceu, nem ele kkkkk

Sabrinah Giampá – E o que acha da mulherada que alisa o cabelo? Que recado daria a elas? 
Danielle Koller – Cada um tem que fazer o que lhe faz feliz, mas para assumir o crespo, tem que saber cuidar.

Cabeleireiro da Dani

Dolce Studio (Paulo)
R. da Consolação, 2973- Jardim Paulista –  São Paulo – SP
(11) 2738-1904

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